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Dengue: uma doença grave, mas evitável

O Brasil tem vivenciado aumento no número dos casos de dengue, e precisamos falar sobre isso. Para iniciar, é preciso entender o que é essa doença, qual a forma de transmissão, como detectá-la e tratá-la, mas principalmente, como preveni-la.
A dengue faz parte das doenças denominadas arboviroses, que têm como característica o fato de sua transmissão acontecer por meio de vetores artrópodes. No Brasil, tal vetor é a fêmea do mosquito Aedes aegypt, que tem por hábito colocar seus ovos em águas paradas.
No Rio Grande do Sul, os casos de dengue eram mais comuns durante os meses de calor, período propício para a reprodução do mosquito. Entretanto, alguns fatores, como rápido processo de urbanização, crescimento desordenado da população e mudanças climáticas têm favorecido a presença do vetor em grandes quantidades por tempo mais longo.
De qualquer forma, ainda estamos no período da rápida perpetuação do vetor devido às altas temperaturas e, por isso, é preciso estar atento. As duas principais formas de transmissão da dengue são por picada da fêmea infectada do mosquito Aedes agypt e, de mãe para filho, durante a gestação.
Em caso de suspeita de contaminação, é importante atentar para sintomas, como:
– febre alta (39°C a 40°C) de início repentino;
– dor de cabeça;
– prostração;
– dores musculares e/ou nas articulações;
– dor atrás dos olhos.
Havendo, pelo menos dois desses sinais junto com a febre, é imprescindível que se procure imediatamente um serviço de saúde. Mas depois do período febril, é preciso redobrar a atenção, pois, com o declínio da febre (entre o 3º e o 7º dia do início da doença), podem aparecer sinais de alerta, que marcam uma piora no indivíduo. São eles:
– dor abdominal intensa e contínua;
– vômitos persistentes;
– acúmulo de líquidos em cavidades corporais;
– hipotensão postural (condição em que a pressão arterial diminui rapidamente quando a pessoa se levanta da posição deitada ou sentada para a posição em pé) e/ou lipotímia (sensação de desmaio ou quase desmaio);
– letargia (sono intenso, dificuldade de acordar) e/ou irritabilidade;
– hepatomegalia (aumento do tamanho do fígado, em mais de 2cm);
– sangramento de mucosa;
– aumento progressivo do hematócrito (exame que mede a porcentagem de células vermelhas no sangue).
Toda as faixas etárias são igualmente suscetíveis à dengue, entretanto, as pessoas com mais idade e as que possuem doenças crônicas, como diabetes e hipertensão arterial, têm mais risco de apresentar casos graves e outras complicações que podem levar a óbito.
Sobre o tratamento da dengue, ainda não há um protocolo específico, apenas ações para minimizar os sintomas durante o tempo de infecção no corpo, de 7 a 10 dias. Antes de qualquer coisa outra atitude, é preciso procurar um serviço de urgência de saúde, principalmente se houver sangramentos ou, pelo menos um sinal de alarme, e, conforme orientação médica, fazer repouso e beber água.
Por fim e mais importante, é preciso saber como prevenir a dengue. Apesar de poder evoluir para casos com alta gravidade, a dengue é completamente evitável. A principal forma de prevenção é o controle do vetor, ou seja, a dificultação da reprodução do mosquito transmissor, tanto pelos agentes de saúde do SUS, quanto pela população em geral. Essa vigília deve ser mantida dentro e fora da sazonalidade da doença, assim se minimiza os efeitos da sua incidência e previne futuras pandemias.
Mas afinal, como se barra o nascimento de novos mosquitos da dengue? Para além do trabalho dos agentes de saúde, que visitam as casas, dando orientações de prevenção, é preciso que todas as pessoas façam sua parte:
– adotando telas nas janelas e usando repelente, em locais de conhecida transmissão;
– removendo recipientes que possam se tornar criadouros do mosquito;
– vedando reservatórios e caixas d’água;
– desobstruindo calhas, lages e ralos;
Além disso, há uma ótima notícia vinda do Sistema de Saúde brasileiro. No dia 21 de dezembro de 2023, a vacina contra a dengue, chamada de Qdenga, foi incorporada no SUS, o que ajuda o Ministério da Saúde a passar a classificar a dengue como mais uma doença imunoprevenível. As doses deverão ser distribuídas a partir de fevereiro de 2024, mas ainda não para toda a população. A primeira fase da imunização vai contemplar o público-alvo de 521 municípios, em 17 estados brasileiros, considerados regiões endêmicas, municípios de grande porte com alto índice de transmissão nos últimos dez anos e população residente igual ou maior a 100 mil habitantes, levando também em conta altas taxas nos últimos meses. Por enquanto, os estados são Acre, Amazonas, Bahia, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Paraíba, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Roraima, Santa Catarina e São Paulo.
Enquanto a Qdenga não chega por aqui, o jeito é seguirmos atentos ao ciclo do mosquito, interrompendo sua reprodução e transmissão. Cada um fazendo sua parte, na sua casa, cuidando do seu quintal, fica fácil nos livrarmos dessa ameaça a nossa saúde.